Cenário atual: o cristão e a opinião
Por Delair Borges
Desde o anúncio dos presidenciáveis, a corrida presidencial tem sido marcada por pesquisas e mais pesquisas.
Até há poucos dias, a grande maioria trazia números que, estranhamente, diferiam das manifestações populares que tenho visto em redes sociais e até em manifestações populares do movimento #vemprarua.
Nesta semana vários jornais de circulação nacional começaram a estampar manchetes com o crescimento súbito de Bolsonaro.
Isso me levou a um questionamento: Sendo verdadeiras essas notícias, o que, exatamente, mudou o cenário? Não sendo, o que, exatamente, levou a imprensa a informar números que se aproximam das manifestações do povo?
O que mais se aproxima da realidade: um candidato se deixou corromper e foi absorvido pela mídia ou a mídia se deu conta que as redes sociais são as melhores fontes de pesquisa? Só Deus sabe…
Se Bolsonaro cresceu ‘subitamente’ o que aconteceu para isso? A facada não foi, porque aconteceu em 06/09. A alta do hospital? Os vídeos de apoio a ele crescendo nas redes sociais? A ilustração do temor popular de que o PT continue no poder? Como bem ilustram os cristãos quando não sabem o que responder: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre” (Dt 29:29).
Se é real que a mídia se deu conta de que não adianta publicar falsas estatísticas porque as redes sociais são as melhores fontes de pesquisa, será que eles não foram sensatos, em tempo? Se são divulgados números que não coincidem com as manifestações populares (quer sejam nas ruas quer sejam nas redes sociais) não estaria o órgão de imprensa se permitindo cair em descrédito maior? Ou seja, se esses números não se aproximarem do resultado das urnas (ainda que confiar no resultado das urnas como sendo a eleição do povo possa ser uma grande falácia), eis que a credibilidade de tais órgãos mais e mais declinará…
Teremos algum dia um candidato perfeito? A definição de ‘perfeito’ para todos nós é a mesma definição para cada um de nós? Nunca, absolutamente nunca, teremos um candidato perfeito aos olhos de todos – nem Jesus, o único perfeito, conseguiu essa façanha! Diante de uma mesma paisagem, as percepções são diferentes. Imagine uma casa de campo, por exemplo. Como a veria um investidor de imóveis? Como a veria um ambientalista? Como a veria um ladrão? Como a veria um casal em lua de mel? A imagem é a mesma, mas as percepções não. Porque somos diferentes vemos diferente. Porque os interesses são diferentes, a percepção igualmente o é. Quem a vê certo ou errado? Ninguém aqui. Só Jesus é que é a Verdade, o resto são opiniões. E cada qual, ainda que bem embasada, não deixa de ser mais uma opinião. Essa minha, por exemplo, é apenas mais uma dentre tantas…
Essa semana publiquei no meu perfil: “Podemos ter opiniões diferentes e continuar sendo amigos. Deus é quem institui autoridades”. E recebi uma resposta que, mesmo diante dos atuais embates, conseguiu me chocar: “Não dá”. Apesar de ser de uma pessoa cristã (recente) esse posicionamento, conseguiu me fazer pensar sobre como nos dividimos por causa das nossas opiniões. Nesse contexto me lembro de uma citação atribuída a Einstein: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”.
Isso, mais todas as manifestações a que tive acesso nesse período, me fizeram relembrar dois versículos:
1) “Cada um tenha uma opinião bem definida em sua própria mente” (Rm 14:5). Já fomos alertados sobre a cautela em emitir opiniões. Há que se estar disposto aos três “di”: discordância, divergências e dissenções. Sempre digo que opinião existe para ser dada, não necessariamente acatada. Ou seja, se saiu da mente, estejamos prontos para o que der e vier!
2) Entendo esse momento que estamos vivendo como a expressão exata do ‘legítimo pisar em ovos’. Em Lucas 7:33 e 34 o Senhor diz que veio João Batista que não comia nem bebia e o julgaram dizendo que ele tinha demônio; aí vem Jesus que come e bebe e o condenam, chamando-o de guloso e beberrão. Se não come e bebe, é possuído. Se come e bebe é guloso e beberrão (!). Só por isso, quem se candidata já tem um ponto favorável: precisamos admitir que essa pessoa sabe lidar com críticas, julgamentos falsos e fofocas!
Por conta disso, que continuemos nos amando, mesmo com percepções diferentes. Nada deveria, em tese, destruir a unidade dos filhos de Deus. Jesus mesmo clamou por isso: para sermos um e assim o mundo crer (Jo 17:21,22). E aí me pergunto: Como o mundo vai crer enquanto os cristãos estiverem desrespeitando as percepções diferentes?? Enquanto isso estiver acima dos interesses de Deus? Por conta disso, espero que nós, irmãos em Cristo, saibamos nos curvar diante dos próximos governantes. Quer sejam de acordo com nossa vontade, quer não. Toda autoridade procede de Deus. Que todos consigamos nos relacionar como cristãos após o resultado final!