Em dez anos, o valor do pedágio será 70% maior
A nova proposta do Ministério de Infraestrutura para a licitação do pedágio no Paraná, para o período de 30 anos (de dezembro de 2021 a dezembro de 2051), prevê uma arrecadação (sem correção) de R$ 156 bilhões. Não se assuste! É isso mesmo. Um valor que, aos preços de hoje, dá para comprar três milhões e 120 mil carros populares.
Desses R$ 156 bilhões, apenas R$ 42 bilhões estão previstos para investimentos em obras, ou seja, 27% da arrecadação estimada. Essa é uma demonstração clara que o objetivo do negócio não é realizar obras, melhorar a segurança de quem transita pelas estradas e sim o GRANDE LUCRO e a ARRECADAÇÃO para os governos em forma de impostos e da confusa outorga onerosa. É a teoria do Ganha-Perde: eles ganham muito e a sociedade perde tudo.
O modelo proposto tem questões complexas e discutíveis. Arrepia só em pensar que teremos repetidos os sofrimentos passados de 1997 a 2021, quando interesses escusos e a corrupção só levantaram os preços do pedágio e sem construir as obras prometidas. Disso só restaram os acordos de leniência que mais servem como lições para a história, pois baixada a poeira, em meio ao “mea-culpa” disfarçado, cravados nas praças de pedágio, os preços das tarifas voltaram a subir de forma embalada.
É imprescindível que prestemos atenção ao que se passa. Hoje, o custo do pedágio para veículos leves de Foz do Iguaçu a Guarapuava é de R$ 71,90, média de R$ 14,38 em cada praça, desta forma: R$ 17,00 na praça de pedágio de São Miguel do Iguaçu; R$ 12,90 na praça de Céu Azul e R$ 14,00 nas praças de Cascavel, Laranjeiras do Sul e Candói.
O conflito de interesses é mais evidente e revoltante ao fazermos um comparativo dos valores das tarifas de pedágio hoje vigentes na região Oeste do Paraná com os das tarifas propostas, considerando: – o desconto máximo de 17% a ser concedido quando da licitação; – as novas tarifas acrescidas de 40%, isso depois das duplicações; – somando-se as correções futuras com base na inflação estimada em 4% ao ano, até 2031 e, pasmem, a inclusão de novas praças de pedágios no Oeste do Paraná, concluindo assim que estamos diante de uma exorbitância descabida. Estes valores são demonstrados no quadro a seguir, com cálculos estimados apenas para veículos leves.
Dilvo Grolli é presidente da Coopavel