BRASIL

Evento internacional discute preservação dos recursos hídricos e abastecimento

Foto: Alessandro Vieira/SEDEST

Mais de 4,8 mil pessoas de diversas regiões do País e de outros 10 países acompanharam nesta segunda-feira (04) o primeiro dia do XXIII Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob), evento virtual com palestras, rodas de diálogos e visitas técnicas para apresentação de projetos visando o fornecimento e preservação dos recursos hídricos. O evento segue até quinta-feira (7).

O Encob é promovido pelo Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH), em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo (Sedest) e do Instituto Água e Terra (IAT), com o apoio do Fórum de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Paraná.

“É uma oportunidade de conectar o país em um só objetivo – a preservação da água, a preservação da vida. O Estado do Paraná é exemplo em gestão e possui lindas paisagens hídricas”, ressalta o secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes.

O tema do evento esse ano é “Água: Fator de Vida, Saúde e Desenvolvimento”. Serão discutidos assuntos como: Plano Nacional de Recursos Hídricos como instrumento integrador dos Comitês de Bacias Hidrográficas; Águas Urbanas; Águas Costeiras; Água e Saneamento; e Água e Educação Ambiental.

O Encontro Nacional ocorre desde 1999 com a missão de articular, capacitar e promover o diálogo sobre a gestão integrada dos recursos hídricos. Os comitês de bacias são os protagonistas do evento, apresentando as experiências e ações que estão sendo realizadas nas Bacias Hidrográficas.

“São trocas de experiências que podem servir de exemplo para a gestão das águas em outros estados. Esse é o maior evento do Brasil para discutir a gestão das águas”, diz Hideraldo Buch, coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBHs).

NO PARANÁ

Todos os usos da água devem ser regularizados junto ao Instituto Água e Terra (IAT) para controle e garantia da qualidade ao usuário. Também são desenvolvidas pelo órgão várias iniciativas com o objetivo de preservar e garantir a qualidade e quantidade da água para a população paranaense, nos contextos da sobrevivência humana, ecossistêmica e industrial.

“Sistema para solicitação de uso da água (Sigarh), plataforma para verificar nível dos rios do Paraná (Hidroinfoparana) e aplicativo para acompanhar a qualidade das águas do Litoral (Balneabilidade Estado do Paraná) são exemplos de soluções que o Estado vem adotando para tornar mais ágeis as informações e solicitações a respeito dos recursos hídricos no Estado”, comenta o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.

O Programa Água no Campo, que perfura em média 150 poços artesianos por ano, é uma das ações que têm mostrado grande relevância no Estado. Com ele, famílias carentes de comunidades rurais estão tendo acesso à água potável. Desde o início do programa, 770 poços foram instalados em 203 municípios.

O IAT também promove, em parceria com as prefeituras, a entrega de tubos de concreto para galerias pluviais captarem e escoarem a água da chuva para combater a erosão e enchentes. O objetivo é melhorar a infraestrutura urbana e, assim, garantir mais qualidade de vida à população.

Por falta de galerias pluviais, muitos locais sofrem com cheias e danos que ficam após as chuvas. É um problema grave de saneamento ambiental, pois uma valeta a céu aberto pode ocasionar contaminação.

E para unir a recuperação ambiental, lazer e turismo, o IAT vem implantando Parques Urbanos em regiões de fundo de vale ou áreas com ações erosivas. Uma das características desses parques é a presença de recursos hídricos.

Outros programas são executados nesses espaços, como o Paraná Mais Verde, com o plantio de árvores nativas, e o Poliniza Paraná, que tem como objetivo implantar colmeias de abelhas nativas sem ferrão, responsáveis pela polinização de cerca de 80% das plantas. Essas ações contribuem para o equilíbrio do ecossistema, bem como na produção de água.

Em todo o Estado, 45 municípios têm obras de Parques Urbanos em andamento, com investimento total de cerca de R$ 46 milhões.

COMITÊS DE BACIAS

O Paraná possui 16 bacias hidrográficas, que somam 196 mil quilômetros quadrados de extensão. O gerenciamento delas é de competência dos nove Comitês de Bacias Hidrográficas, vinculados ao Instituto Água e Terra (IAT).

Os Comitês são organismos colegiados com atribuições normativas, consultivas e deliberativas no âmbito da bacia hidrográfica, e suas decisões influenciam na operacionalização do setor produtivo do Estado.

Todas as ações dos comitês devem seguir o Plano Estadual de Recursos Hídricos, um instrumento da Política Estadual de Recursos Hídricos, instituída pela Lei Estadual nº 12.726/99, e que deve estar alinhado com a Plano Nacional de Recursos Hídricos.

“A participação conjunta nos comitês possibilita a tomada de decisões de maneira consciente, sustentável e que garanta a água para a população do presente e gerações futuras”, lembra a gerente de Gestão de Bacias Hidrográficas do Instituto Água e Terra, Danielle Tortato.

CRISE HÍDRICA

Atualmente, o Paraná vive a crise hídrica mais severa dos últimos anos, o que tem exigido ainda mais esforços dos poderes públicos na busca por soluções para a garantia da água.

A Sanepar adotou várias ações de mitigação emergenciais e estruturantes para ampliação do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC), contando também com a economia no consumo de água por parte da população.

A Companhia, em parceria com o Governo do Estado, está investindo no projeto Reservas Hídricas nas Várzeas do Rio Iguaçu, quem tem por objetivo a formação de infraestrutura hídrica, com a preservação das cavas existentes numa área de 20 mil hectares na Região Metropolitana. O projeto prevê a recuperação de 150 quilômetros de rios, que vão reservar cerca de 43 bilhões de litros de água

“São cavas com potencial de formação de lagos, que poderão ser soluções complementares no abastecimento urbano”, explicou o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Júlio Gonchorosky.

A baixa vazão dos rios acaba impactando também a geração de energia. As hidrelétricas são soluções renováveis e que dependem da água.

“O que fica após uma crise é o aprendizado. O Encob é um momento oportuno de discutirmos o que deu certo e o que deu errado e nos prepararmos para futuras crises”, comenta a diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Christianne Dias.

Segundo ela, além do setor hidrelétrico, outras áreas também foram fortemente afetadas pela crise hídrica como a navegação, turismo aquático e pesca. “Promovemos frequentemente as salas de crise com a participação de usuários e Comitês de Bacias para antecipação de ações”, conclui.

(AEN)

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