“Erguemos os olhos ao Céu para nos elevarmos das torpezas da vaidade; servimos a Deus, para sair da escravidão do próprio eu, porque Deus nos impele a amar. Esta é a verdadeira religiosidade: adorar a Deus e amar o próximo.”
Traições da religião
Uma característica de Deus que Francisco continuamente ressalta é a misericórdia de Deus, portanto “a ofensa mais blasfema é profanar o seu nome odiando o irmão”.
“Hostilidade, extremismo e violência não nascem dum ânimo religioso: são traições da religião. E nós, crentes, não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião. Antes, cabe a nós dissipar com clareza os mal-entendidos. Não permitamos que a luz do Céu seja ocultada pelas nuvens do ódio!”
O Pontífice rezou por todas as vítimas do terrorismo, citando mais uma vez – como fez no discurso às autoridades – a comunidade yazidi.
O Céu não se cansou da terra: Deus ama cada povo, cada uma das suas filhas e cada um dos seus filhos! Nunca nos cansemos de olhar para o céu, de olhar para estas estrelas.”
Deus não é contra ninguém, mas é por todos
Mas é da terra que se olha para o céu e é aqui que somos chamados a percorrer juntos sendas de paz. Não nos salvará a idolatria do dinheiro nem o consumismo, mas somente a partilha e o acolhimento. Não haverá paz enquanto se olhar os outros como um “eles”, e não como um “nós”.
Uma antiga profecia diz que os povos “transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices” (Is 2, 4). Esta profecia não se realizou; antes, espadas e lanças tornaram-se mísseis e bombas. E a vizinha Síria é um exemplo disto.
O caminho para a paz, apontou Francisco, começa na renúncia a ter inimigos. “Quem tem a coragem de olhar as estrelas, quem acredita em Deus, não tem inimigos para combater.” Deus não pode ser contra ninguém, mas por todos.
“Cabe a nós instar fortemente os responsáveis das nações para que a proliferação crescente de armas ceda o lugar à distribuição de alimentos para todos.” A vida humana vale pelo que é e não pelo que tem, recordou o Pontífice, que concluiu reafirmando um propósito:
“Nós, irmãos e irmãs de diversas religiões, encontramo-nos aqui, em casa, e a partir daqui, juntos, queremos empenhar-nos para que se realize o sonho de Deus: que a família humana se torne hospitaleira e acolhedora para com todos os seus filhos; que, olhando o mesmo céu, caminhe em paz sobre a mesma terra.”
(Vatican News)