OPINIÃO

José, a história de um homem fiel

Por Hernandes Dias Lopes – Pastor presbiteriano

José é um dos mais eloquentes tipos de Cristo em toda a Bíblia. Amado pelo pai, odiado pelos irmãos, vendido como escravo, exaltado como governador do Egito e provedor dos povos. Quem foi José?

Em primeiro lugar, um sonhador. Dos 0 aos 17 anos José viveu na casa de seu pai, entre os seus irmãos. Nesse tempo, ele teve sonhos e nesses sonhos via sua família gravitando ao seu redor. Esses sonhos eram proféticos. Apontavam para sua honrosa posição como governador do Egito e lançavam luz sobre Cristo, em quem todas as coisas convergem, tanto as do céu como as da terra.

Em segundo lugar, um escravo. Aos 17 anos José foi vendido, como escravo, pelos seus irmãos, para uma caravana de ismaelitas, que rumava para o Egito. No Egito, ele foi revendido para o egípcio Potifar, oficial de Faraó e comandante de sua guarda. Dentro da providência divina, o jovem José é levado para as proximidades do poder. Na casa de Potifar é promovido a mordomo. José tornou-se o administrar-mor da casa de Potifar. Tudo quando ele colocava as mãos, Deus fazia prosperar.

Em terceiro lugar, um prisioneiro. José, no auge de sua honrosa posição de mordomo da casa de Potifar foi acusado de assédio sexual. A mulher de Potifar colocou os olhos nele e despudoradamente insistiu com José para deitar-se com ela. Mesmo diante de todas as investidas de sua patroa, José jamais abriu a guarda. Ele firmemente se recusou a deitar-se com ela. Então, ela agarrou o jovem hebreu e este precisou fugir, deixando sua túnica em suas mãos. José passa os melhores anos de sua juventude numa prisão. Dos 17 aos 30 anos José viveu uma espécie de gangorra no Egito: de escravo a mordomo; de mordomo a acusado; de acusado a prisioneiro.

Em quarto lugar, um governador. Aos 30 anos José, por interpretar os sonhos de Faraó, foi nomeado o governador de toda a terra do Egito e recebeu poder e autoridade para colocar em curso o plano que Deus revelara a Faraó através de seus sonhos. Como gestor, José construiu muitos celeiros e armazenou cereal sem conta, para abastecer as nações nos anos que viriam de escassez e fome.

Em quinto lugar, um provedor da família. Aos 39 anos José mandou chamar seu pai e toda a sua família para o Egito e, em vez de vingar-se de seus irmãos, perdoou-os, cuidou deles e de suas respectivas famílias, dando-lhes o melhor da terra do Egito. José pagou o mal com o bem e demonstrou que embora seus irmãos tivessem intentado o mal contra ele, Deus transformara o mal em bem, para a preservação da vida de todos.

Em sexto lugar, um apaziguador da alma. Aos 56 anos, depois da morte de Jacó, seu pai, seus irmãos mais uma vez foram atormentados pela culpa. Pensaram que José se vingaria deles, uma vez que Jacó já estava morto. José chora ao perceber que seus irmãos ainda viviam fustigados pela culpa e pelo medo. Seus irmãos se oferecem para ser seus escravos, mas José acalma o coração deles, dizendo que não estava no lugar de Deus para vingar-se e que continuaria sustentando não só a eles, mas também a seus filhos.

Em sétimo lugar, um homem de fé. Aos 110 anos José morre, mas antes de fechar os olhos para este mundo, abriu-os para o futuro, e profetizou o êxodo (Hb 11.22). José disse a seus irmãos que Deus os visitaria e os levaria para a terra de Canaã, conforme havia prometido a Abraão, a Isaque e a Jacó. E que nesse tempo, eles deveriam transportar seus ossos do Egito para a terra prometida. A promessa feita a José foi cumprida. Ele morreu. Seu corpo foi embalsamado e colocado num caixão. Mais de três séculos depois, quando Deus libertou o seu povo da escravidão no Egito, os ossos de José foram levados (Ex 13.19) e sepultados em Canaã (Js 24.32). José foi fiel na casa de seu pai, na casa de Potifar, na prisão e no palácio. Foi fiel na pobreza e na riqueza, no anonimato e na fama. Que Deus levante, em nossa geração, homens desse calibre!

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