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Secretaria da Cultura lança programa história em prosa

A Secretaria Municipal da Cultura de Toledo lança neste mês de abril mais um programa pelo Museu Histórico Willy Barth, o História em Prosa. Com o objetivo de promover o diálogo e difusão sobre a história local, regional e também nas mais diversas perspectivas de linha pesquisa desenvolvida por pesquisadores dentro das universidades.

Nesse sentido, o Programa História em Prosa irá promover o encontro e diálogo com pesquisadores de história da nossa região, contemplando professores convidados da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e também do Centro Universitário FAG.

Segundo a secretária da Cultura, Rosselane Giordani, serão realizadas entrevistas com historiadores e pesquisadores com o objetivo de promover o debate sob diferentes perspectivas e contextos históricos sobre o município de Toledo e região. “O programa será veiculado quinzenalmente às 19 horas na fanpage do Museu e da Secretaria da Cultura e também ficará disponível no nosso canal do youtube”, explica a secretária idealizadora do projeto. Rosselane destaca que a ação também tem como objetivo proporcionar a divulgação da ciência, das pesquisas produzidas na universidade e contribuir para a formação de cidadãos conscientes da sua história.

Segundo o professor Leandro Crestani, o primeiro entrevistado do programa, a iniciativa colabora para a divulgação da pesquisa científica produzida na universidade, bem como com a circulação de perspectivas diferenciadas sobre a história e a desmistificação e a ruptura de paradigmas que muitas vezes ocultam aspectos da nossa história somente debatidos e questionados dentro das universidades. Crestani relata que em sua entrevista aborda o tema do mito vazio demográfico da região oeste que construiu uma narrativa que invisibilizou populações que habitavam a região antes da vinda dos colonizadores brancos e de descendência europeia.

De acordo com a secretária da Cultura, o cronograma das entrevistas já está fechado com convidados até agosto de 2021, tendo uma programação rica que abordará as relações entre história e cultura, as fontes, os documentos e a ampliação da historiografia, bem como a incorporação de vestígios do passado como a história oral, a literatura, o cinema como fontes de pesquisa histórica, além de discussões sobre a noção de comunidade transnacional no processo de colonização da região oeste. Também será abordado em entrevista o tema da memória e história na constituição da cidade de Foz do Iguaçu,  comparações históricas entre êxodo e a imigração no século XXI, patrimônios, lugares e memórias e redes digitais, imigração haitiana na região oeste do Paraná, entre outros assuntos.

Cronograma

7 de abril 

Entrevistado – professor Dr. Leandro Crestani (FAG)

Tema: Oeste do Paraná e mito do vazio demográfico

Resumo: Será que o este do Paraná antes de 1930 era um “vazio demográfico”?, um local despovoado?, cuja situação exigia dos Estados nacionais (argentino e brasileiro) que o disputavam a promoção de estratégias imediatas de ocupação e colonização efetivadas por meio de uma política de migração que privilegiasse uma população branca, de origem europeia, que sobrepusesse territórios nativos forjando a identidade nacional para o desenvolvimento da fronteira. O oeste do Paraná foi forjado com o intuito de civilizar espaços vazios através de leis de incentivos para a vinda de imigrantes alicerçando-se no argumento da fronteira como “vazio demográfico” através da narrativa da conquista dos espaços vazios, desérticos, selvagens e de terras devolutas.

21 de abril

Entrevistada – professora Dr. Andreia Vicente (Unioeste)

Tema – O modelo transnacional de comunidade

Resumo – Kalervo Oberg foi um antropólogo canadense que nas décadas de 1940 e 1950 trabalhou no Brasil a serviço do governo norte-americano em programas de cooperação para transferência tecnológica e políticas públicas na área da saúde. O Canadense chegou ao Brasil em 1946 representando o Instituto de Antropologia Social (ISA) da Smithsonian no convênio com a Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP) no qual trabalhou ensinando em São Paulo ao lado de Donald Pierson e pesquisando em comunidades tradicionais tais como os Terena e os Caduveo . No ano de 1952 ele foi transferido para o Instituto de Assuntos Interamericanos (IAIA) quando passou a trabalhar no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Neste período realizou um estudo participando do projeto “Vale do São Francisco” em Chonin de Cima (Oberg, 1956) quando procurou compreender a atuação dos “caboclos” naquela comunidade. No ano de 1955 ele foi incorporado ao Serviço Social Rural (SSR) em uma repartição que ficou responsável por realizar reforma agrária no Sul do Brasil. No final dos anos 1950, tornou-se consultor do United States Operation Mission (USOM) que tinha como objetivo estabelecer cooperação com as organizações municipais, estaduais e federais em prol do desenvolvimento do padrão de vida das populações rurais. É com esta filiação institucional que ele se identifica no relatório sobre a cidade de Toledo. O relatório socioeconômico chama-se “Toledo. Um município na fronteira Oeste do Paraná” (1960). O documento é resultado do compromisso do Projeto de desenvolvimento de regiões da zona fronteiriça do Oeste Paranaense. Se na época o estado brasileiro esforçava-se para povoar e ampliar seu controle sobre o território, especialmente nas regiões de fronteira – o oeste do Paraná faz fronteira com o Paraguai e com a Argentina – os EUA aprimorava sua hegemonia recrutando antropólogos aplicados em pesquisas que visavam o desenvolvimento das comunidades em processo de urbanização a fim de ampliar mercados consumidores para produtos industrializados ao mesmo tempo em que consolidava acordos de fornecimento de matérias-primas com o estado brasileiro. Foi neste contexto que Kalervo Oberg chegou a Toledo em agosto de 1956 realizando trabalho de campo por três meses. O relatório foi publicado em 1960 na coleção Estudos das Edições do Serviço da Sociedade Rural (SSR). É composto de sete capítulos textuais com gráficos e dados quantitativos a respeito da cidade que tinha na época cinco anos de fundação. Entre os tópicos analisados estão a história do município, o processo de colonização, a população, a interação e consciência comunitária.

Foto e Texto: Secom Toledo

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