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Sinergia é a chave para o sucesso na gestão de ativos da Itaipu

Usina que mais gerou energia no planeta e dona de sucessivos recordes de produtividade, a Itaipu Binacional é reconhecida como modelo de eficiência para os setores elétricos do Brasil e do Paraguai. Para dimensionar o desafio de manter e melhorar esse status, a Itaipu joga luz sobre números que, imperceptíveis aos consumidores, revelam a complexidade e, principalmente, a responsabilidade envolvida na gestão de ativos da mega-hidrelétrica.

A depender de algumas variáveis, como disponibilidade de água e demanda dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio, um único dia em que uma unidade geradora precise parar para uma manutenção não programada, sem que outra esteja prontamente disponível para substituí-la, pode acarretar em uma redução de receita de mais de meio milhão de dólares à empresa.

Assim, a responsabilidade de manter as 20 unidades em boas condições ao longo dos 365 dias do ano é proporcional à grandiosidade da própria usina. Planejamento e gestão andam em sintonia para evitar custos com grandes reparos, perda de receita por indisponibilidade do ativo e desperdício do dinheiro público.

Para garantir o sucesso da gestão dos ativos da Itaipu, é necessária uma grande sinergia entre as superintendências de Obras, Manutenção, Operação e Engenharia – as quatro equipes da Diretoria Técnica (DT), que lidam diretamente com a atividade-fim da empresa, a produção de energia, além de zelarem pela segurança operacional.

Esse trabalho integrado é sustentado por três macropilares: pessoas e meio ambiente; produção; e ativos, que podem ser desdobrados em equipamentos, instalações e barragens.

O desafio de todos os dias

Os desafios diplomáticos, financeiros e de engenharia, superados um a um para a construção da mega-hidrelétrica, foram seguidos por outros a partir do momento em que a água do Rio Paraná começou a mover as turbinas das unidades geradoras da usina. O principal deles: gerir de forma integrada, sincronizada e perfeitamente entrosada, sem espaço para erros, as quatro áreas da DT.

As equipes binacionais focam seus esforços principalmente na detecção de possíveis anormalidades ainda em fase incipiente. O processo de inspeções, detecção e eliminação de anomalias é dividido em duas grandes frentes: usina e as subestações, a cargo das superintendências de Operação e Manutenção; e segurança da barragem, conduzida pelas superintendências de Obras e Engenharia. É o que, no final, garante a produção com a segurança, confiabilidade e disponibilidade necessárias.

Números

Ao longo de 2020, a Operação inspecionou mais de 4,4 milhões de itens e identificou 2.842 anomalias. As equipes fazem uma detalhada verificação das instalações a partir da experiência diária com os equipamentos e sistemas, com o auxílio dos sentidos humanos e ferramentas não invasivas. Os inspetores seguem um roteiro previamente planejado, registrando e reportando a situação de cada item de verificação e anexando áudios, fotos ou vídeos que dão suporte e agilidade ao planejamento da ação corretiva.

As anomalias são registradas em documentos específicos e encaminhadas para a Superintendência de Manutenção, que faz a análise e opção pelo melhor tratamento corretivo. No ano passado, a equipe ainda gerenciou mais de 5.400 planos de manutenção periódicos e recebeu mais de 17 mil documentos com registros de anomalias, modificações visando melhorias e intervenções aperiódicas.

Para a gestão destes documentos, é necessária uma avaliação e também programação de atendimento em tempo adequado. É o que evita desdobramentos que possam impactar na receita ou no desempenho da empresa, seja por parada não programada de unidades geradoras, queda na geração ou por intervenções corretivas de grande monta, com custo significativo associado.

Também em 2020 a área de Obras fez 165 mil leituras de instrumentos e 908 inspeções em campo com foco na segurança da barragem. O veredito: desde o enchimento do reservatório até os dias atuais, a usina de Itaipu continua com excelentes níveis de segurança estrutural.

A Engenharia analisou, revisou, desenvolveu ou criou um total de 5.381 documentos, que abrangem desde a instalação de novos sistemas, equipamentos e estruturas até a revisão das instalações existentes, motivada pelas constantes inspeções feitas pelas áreas de Operação e Manutenção. A Engenharia também coordenou a execução de diversos projetos envolvendo a implantação, modernização e ampliação de sistemas e equipamentos da usina e subestações.

A ameaça da covid-19

Paralelamente a essa rotina, em 2020, as equipes binacionais da DT, com apoio de diversas áreas da Diretora Administrativa, ainda tiveram que encontrar formas de não deixar a pandemia de covid-19 ameaçar a produção de energia e a segurança operacional. Estava instituída a luta “covid-19 versus backlog” – a quantidade de “homens-hora” necessários para executar as intervenções aperiódicas registradas no Sistema de Operação e Manutenção da usina.

“Tínhamos que manter a produção com a confiabilidade e disponibilidade necessárias e também garantir a segurança das equipes”, ressalta o superintendente de Manutenção, Marco Aurélio Siqueira Mauro. “Assim, a todo tempo estávamos de olho na evolução do backlog, para atuarmos coordenadamente, visando mantê-lo em um nível aceitável.”

“Logo no início da pandemia, concentramos nossos esforços para evitar alterações nas rotinas de inspeção da Operação e garantir que o processo continuasse ocorrendo 24 horas por dia e sete dias por semana. Para isso, foram implementadas diversas medidas preventivas que garantiram uma taxa de realização das inspeções de 98,98% em 2020”, destaca o superintendente interino de Operação e gerente da Divisão de Operação da Usina e Subestações, Paulo Zanelli. As inspeções são sistematizadas por uma ferramenta desenvolvida com apoio do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), que auxilia na gestão da execução e dos dados coletados durante as inspeções. “As informações disponibilizadas pela ferramenta foram fundamentais para sucesso da estratégia”, finaliza Zanelli.

A pandemia também exigiu atenção especial na área de Obras, segundo o superintendente Luiz Paulo Prigol. “Mesmo com o time de campo reduzido durante os meses de abril a agosto, a equipe de segurança de barragem conseguiu manter a programação com a mesma eficiência. Os que estavam em home office deram apoio fazendo a inserção de dados no sistema e analisando o comportamento da instrumentação. Isso demonstrou o quanto estamos comprometidos para o desempenho dos ativos”, disse.

Segundo o superintendente de Engenharia, Alexandre Cezário Pereira, os desafios trazidos pelo novo coronavírus têm sido enormes. “Tivemos que adaptar nossa forma de trabalho para manter os compromissos alinhados entre equipes de campo, em home office e empresas contratadas, com o mínimo impacto na rotina das demais superintendências da Diretoria Técnica”.

A saúde da usina

Para facilitar a compreensão da coordenação sincronizada dessas equipes no dia a dia, os profissionais da DT comparam as instalações da usina com o corpo humano.

Uma pessoa prudente e preocupada com a sua saúde age preventivamente e periodicamente faz exames para conhecer as condições de funcionamento do seu organismo. Caso apareça algum problema, é sempre melhor identificar no início, permitindo um tratamento mais simples e efetivo. Diagnósticos tardios impactam em tratamentos mais complexos, invasivos e de custos mais elevados.

“A austeridade da empresa começa na usina”, afirma o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna. “Ao participar, nesse mês de janeiro, da reunião mensal de performance da Diretoria Técnica, sob coordenação do diretor técnico executivo, Celso Torino, percebi a forte conexão do processo de gestão dos ativos com o nosso programa de austeridade. Nossas equipes binacionais atuam milimetricamente na planta, inspecionando e avaliando constantemente nossos ativos e, quando identificam anormalidades, atuam como cirurgiões precisos e sincronizados, evitando tratamentos mais severos, complexos e de alto custo”, afirmou.

Foto: Rubens Fraulini

(Itaipu)

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