TOLEDO

Autismo é tema do I Fórum Internacional de Psicologia da PUCPR Toledo 

Diálogos sobre a escuta e o atendimento de pessoas com autismo é o foco do evento, que também marca o lançamento da Campanha Municipal Abril Azul

Divulgação

“O desafio de ser mãe de autista vai muito além de educar o filho para o mundo. É educar o mundo sobre seu filho”. Para Alciane Soares, mãe da pequena Aira, de 4 anos, que levou mais de 1 ano e 4 meses para ser diagnosticada com autismo nível 3 de suporte, difundir informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é muito importante. “Sentia como se estivesse em um labirinto escuro; sem saber para onde ir. O diagnóstico acendeu a luz. Ele é fundamental para ter a intervenção correta, pois para todas as terapias necessárias é preciso que o profissional seja qualificado para o atendimento”, explica Alciane.

A pequena Aira faz parte de uma estatística que têm crescido em todo o mundo. Segundo dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, é possível que uma a cada 44 crianças sofra de TEA, o que representa de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, o número é de cerca de 2 milhões de pessoas que apresentam traços dentro do diagnóstico de espectro autista.

“Quanto mais real o número de diagnóstico, melhor amparados estaremos. No Brasil, nem estatísticas somos; o senso registra apenas por amostragem o número. Essa margem está muito longe da real. Isso impacta diretamente as famílias. Pois quanto menos somos; menos temos em tudo que seria o básico, o necessário. Mesmo o aumento no número de diagnóstico estar sendo visível, ainda assim temos muita dificuldade, pouca informação e engajamento social”, explica a mãe de Aira.

Um avanço para melhorar a acessibilidade e também tabular dados concretos sobre autismo no Brasil foi a aprovação da Lei Romeu Mion (filho do ator e apresentador Marcos Mion). A lei foi sancionada em 2020 sob número 13.977 e estabelece a emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). Com isso, é possível que a pessoa com o espectro tenha atenção integral, atendimento prioritário e acesso aos serviços públicos e privados, principalmente nas áreas de saúde, assistência social e educação. A Ciptea tem validade de 5 anos e não é de uso obrigatório, mas o documento tem a finalidade especial de substituir o atestado médico e evitar que a família precise explicar a situação da pessoa toda vez que necessita de algum atendimento.
Para disseminar a cultura do conhecimento e do cuidado com as pessoas com autismo, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Câmpus Toledo organizou o I Fórum Internacional de Psicologia com o tema “Diálogos sobre a escuta e o atendimento de pessoas com autismo”. O evento, que acontece no dia 28 de março, abre oficialmente no calendário de eventos de Toledo o Abril Azul, o mês de conscientização sobre o autismo.

O evento, totalmente gratuito e aberto a comunidade, começa às 8h30 com a palestra “Psicanálise e autismo: o que nos fala esse sujeito?”, ministrada pela psicanalista Erika Maria Parlato de Oliveira, doutora em Comunicação e Semiótica e especialista em Psiquiatria Infantil no Instituto de Psiquiatra da USP. A programação conta ainda com minicursos; palestras sobre Terapia Ocupacional do AMI; utilização de ABA (Applied Behavior Analysis) e mesa redonda sobre o atendimento multidisciplinar.

O professor Ronaldo Adriano Alves do Santos, coordenador do curso de Psicologia da PUCPR Toledo, acredita que enquanto Universidade é preciso não só compreender a dor das famílias, mas assumir um papel transformador na sociedade. “Nossa proposta é produzir um campo crítico e reflexivo enquanto sociedade e pensar a forma como entendemos e atendemos as pessoas autistas. Será um mês inteiro dedicado a um processo de conscientização e de sensibilização da população a fim de criarmos um pacto social, um convívio social que seja de fato inclusivo para as diferentes configurações subjetivas que nós temos na sociedade”.

O autismo é uma dessas configurações que por conta de uma série de características peculiares em relação as habilidades sociais, de padrões restritivos e/ou repetitivos de comportamento fazem com que os autistas tenham mais dificuldades nos relacionamentos. Para o professor, é importante sensibilizar as pessoas para que elas compreendam que o autismo é um espectro e isso faz com que exista uma grande diversidade e graus de comprometimento. “Dentro do autismo há uma diversidade de manifestação. As diferenças, sejam elas físicas, relacionais ou subjetivas, precisam não só serem respeitadas, mas celebradas e defendidas como características especificas da humanidade. Quanto mais diversa a sociedade mais potente ela é. Quanto mais diversas são as nossas relações, mas oportunidades nós temos de qualificar o nosso convívio social”, reforça Santos.

Serviço

Fórum Internacional de Psicologia da PUCPR Toledo
Inscrição: https://eventum.pucpr.br/forumpsi 
Data: 28/03/2023
Local: Auditório Dom Anuar – PUCPR Toledo
Endereço: Av. União, 500 – Vila Becker, Toledo – PR

Programação

8h-8h25 – Credenciamento/Check-in

8h30 – 08h55– Mesa de Abertura e Lançamento da Campanha Municipal “Abril Azul”

9h – Aula Magna/Conferência
“Psicanálise e autismo: o que nos fala esse sujeito?”
Profa. Dra. Erika Maria Parlato de Oliveira

15h15 – 18h15 – Minicurso “O circuito pulsional na etiologia do Autismo/TEA”
Profa. Dra. Miriam Izolina Padoin Dalla Rosa

19h15 – Palestra: “A utilização de ABA (Applied Behavior Analysis) no entendimento e atendimento de pessoas identificadas com TEA”
Profa. Mse Jackeline da Graça Bastos

20h30 – Intervalo

20h50 – Mesa redonda: “A atuação interdisciplinar no atendimento de pessoas identificadas com TEA”
Nilmara das Neves Martins – Coordenadora do CIPE
Patricia Fabiane Schnorenberger – Coordenação Educação Especial SMED
Patricia Hofmann – Terapeuta Ocupacional do AMI
Vivian Pilger Santos

(Assessoria)

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