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MPF estuda pedir cooperação internacional com os EUA para depoimento de Bolsonaro sobre joias

O Ministério Público Federal (MPF) está analisando a possibilidade de formalizar um pedido de cooperação internacional com os Estados Unidos para que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja ouvido por autoridades americanas sobre sua participação no caso do recebimento de joias milionárias. A Polícia Federal (PF) já comprovou que Bolsonaro recebeu pessoalmente uma segunda caixa com joias trazidas da Arábia Saudita por integrantes de seu governo.

A cooperação internacional pode ser essencial caso Bolsonaro se mantenha no exterior, já que o ex-presidente tem dito a interlocutores que voltará ao Brasil no próximo dia 15 de março, mas não fez o anúncio publicamente. Investigadores do MPF e da PF que conduzem o inquérito aberto para apurar o caso afirmam que, se Bolsonaro não retornar ao país em breve, a cooperação internacional será solicitada.

Ainda não se sabe se Bolsonaro seria ouvido na condição de testemunha ou de investigado. Na primeira opção, ele tem que depor e não pode mentir. Na segunda, pode ficar calado e não é obrigado a produzir prova contra si. Além de Bolsonaro, outras pessoas serão ouvidas no episódio, como Michelle Bolsonaro, o ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e pelo menos outros dois ex-assessores ligados à chegada das joias ao Brasil sem passar pela Receita.

A segunda caixa de joias, que continha um relógio, uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça Chopard, ficou no cofre do Ministério de Minas e Energia por mais de um ano, até chegar ao acervo da Presidência, em 29 de novembro de 2022. Documentos obtidos pela PF comprovam que todos foram transferidos para o acervo de Bolsonaro. A lei brasileira não permite que Bolsonaro, Lula ou qualquer outro mandatário fique com presentes que recebeu na condição de presidente da República.

As joias chegaram ao Brasil em outubro de 2021, trazidas pelo ex-ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque, que as trouxe em sua bagagem pessoal. Bento também está diretamente ligado ao estranho episódio das joias avaliadas em US$ 3 milhões que foram retidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, quando um assessor de Bento tentou passar pela Alfândega fazendo o mesmo que o chefe fez com a outra leva de joias.

Foto: Igo Estrela/Divulgação

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